PARA REFLECTIR...

LUMEN GENTIUM

LUMEN GENTIUM – Constituição Dogmática sobre a Igreja


INTRODUÇÃO:

O terceiro milénio é caracterizado por um tempo de mudança, pela mobilidade e globalização; marcado pela indiferença religiosa, pelo secularismo e relativismo; com uma grande influência dos meios de comunicação social em geral e da internet em particular. É ainda um tempo cujo ideal de vida parece resumir-se ao “estar bem”, com os olhos postos na terra e com dificuldade em “olhar o céu”, em viver “a grande esperança”.
Foi para ajudar a Igreja a ser portadora de esperança que, entre 1962 e 1965, houve o Concílio Vaticano II. O qual procurou, numa reflexão aprofundada, perceber as mudanças do mundo e aí ler os “sinais de Deus”, abrindo-se ao que o Espírito Santo queria dizer à Igreja. O Concílio continua a ser como um farol que o Espírito acendeu para guiar o caminho da Igreja nos tempos modernos.
Também nós “queremos que a nossa Igreja de Viseu seja presença de luz e de sentido para todos, nos caminhos do nosso tempo”. É para isso que, somos todos convocados para o Sínodo Diocesano “como uma oportunidade de mudança, de renovação, de reorganização e de formação.
Somos convidados a iniciar a reflexão do Concilio, a partir da constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium.


OBJECTO DA CONSTITUIÇÃO:
A Lumen Gentium, em primeiro lugar: apresenta a Igreja como Sacramento de Cristo. “ A Luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens” (nº 1).
Em segundo lugar, apresenta a natureza e a sua missão: O que é a Igreja? E, para que serve a Igreja?  Duas questões fundamentais:

Ø  O que é a Igreja?

A Igreja é como um vitral.
A sua luz vem de Cristo, Sol Nascente, é mais bela por dentro e entende-se na conjugação de várias cores.

Mas o que nos diz a Lumen Gentium, do que é a igreja:
Apesar do Concílio Vaticano II usar várias imagens em relação à Igreja, o conceito de “Povo de Deus”, é aquele que realça melhor a natureza missionária da Igreja:
“Aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente” (LG 9).

Este Povo é a Igreja, na qual o Pai decidiu congregar os crentes em Cristo:
“Aos que acreditam em Cristo, (o Pai) quis convocá-los na santa Igreja, a qual já prefigurada desde a origem do mundo e preparada admiravelmente na história do povo de Israel e na antiga aliança, e instituída nos últimos tempos (por Jesus), foi manifestada pela efusão do Espírito Santo (em Pentecostes)… (LG 2)
Por meio da imagem de Povo, o mistério da Igreja faz com que seja ultrapassada a visão de uma sociedade perfeita e de uma concepção jurídicas e hierárquicas próprias da reforma da Idade Média.


Ver a Igreja como o Povo de Deus, permite-nos olhar para o ministério ordenado (Papa, Bispos, Padres, Diáconos) como um serviço.
Deste modo, a missão profética, sacerdotal e real de Cristo, não é apenas responsabilidade do Clero, mas também de todos os baptizados. Isto leva-nos a pensar “uma Igreja de todos”, fundada sobre os elementos essenciais da fé e do baptismo.
 A Igreja é a expressão do “Povo de Deus em marcha”.  Esta concepção aponta a dimensão histórica, dinâmica e missionária da própria Igreja e realça o seu “carácter peregrinante”.

Em suma: a Igreja não existe para si mesma, mas para levar Cristo, Luz dos povos, a todos os homens. Ela é o Povo de Deus, nascida da Trindade Santa, peregrina neste mundo, testemunha e construtora do Reino trazido e anunciado pelo Senhor Jesus, presença actual do Espírito Santo no meio dos homens.

Ø  Para que Serve a Igreja?

“Para tornar Jesus Cristo contemporâneo do ser humano de cada tempo e lugar”
A sua acção eclesial deve ser sinal e fermento do Reino no mundo. Ela é, pois, chamada a anunciar e instaurar o Reino e “constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra” (LG 5)
Ela é, em Cristo, “como que o sacramento, ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano” (LG 1) ou simplesmente o “sacramento universal de salvação” (cf LG 48).       
Daqui ressaltam duas verdades em simultâneo: Deus oferece a possibilidade de salvação a todos os homens, mas a Igreja é necessária como “instrumento universal de salvação” (cf LG 16).

Em suma: a Igreja serve para ser sinal de salvação, realizada por Cristo e destinada a todos os homens mediante a obra do Espírito Santo. Ela é “sacramento da união entre a humanidade e Deus”. Assim, podemos dizer que a Igreja foi instituída por Cristo como “sacramento da sua presença”.


OBJECTIVO DA NOSSA REFLEXÃO  
Para ser sacramento, a Igreja deve entender-se como “uma ‘comunhão orgânica’ no Povo de Deus”. Deste modo, o primeiro objectivo “específico” do Sínodo consiste em construir “uma Igreja fundamentada na comunhão, cuidando a organicidade e a corresponsabilidade”.
Todos nós enquanto responsáveis pelo anúncio da fé precisamos de aceitar a missão da Igreja de uma forma orgânica e corresponsável de todos.
A pastoral orgânica, que é a comunhão traduzida em pastoral, representa um novo espírito, mas precisa urgentemente de uma nova pedagogia. Essa pedagogia atinge-se fazendo da comunhão um verdadeiro “princípio educativo”, uma nova forma de nos relacionarmos, de darmos “alma” às estruturas .
Não basta, então, “fazer muitas coisas”; é essencial o “modo” como preparamos e realizamos as actividades pastorais. Aí se alerta para o risco de promovermos “estruturas sem alma, máscaras de comunhão”.
A sinodalidade é a caridade em acto, a actuação daquela vida que circula constantemente no seio da Trindade (chamada habitualmente “pericorese”) e que se poderia traduzir por: partilha, dom e reciprocidade no amor! A sinodalidade é a pedagogia de comunhão.



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