PARA REFLECTIR...

GAUDIUM ET SPES

Gaudium et Spes – Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo


A última constituição a ser aprovada, na véspera do encerramento do Concílio Vaticano II.
Tem uma visão abrangente sobre a PASTORAL DA IGREJA – que interliga Catequese, Liturgia e Caridade, incidindo de forma mais definida nesta última onde se enquadra a PASTORAL SOCIAL.
“As páginas desta constituição assinalam o ponto de encontro entre Cristo e o homem moderno” Paulo VI . Levando a Igreja ao meio da vida contemporânea para a  - Iluminar – Sustentar – Consolar. A maior novidade do Concílio Vaticano II é a sua abertura e a tentativa de diálogo com os problemas e desafios do mundo moderno. A partir de princípios doutrinais procura repor em relação a Igreja com o mundo e os homens e mulheres do nosso tempo.
Ainda hoje, nos nossos dias, passados 50 anos do Concílio Vaticano II, a Gaudium et Spes continua a dar elementos preciosos para entender as transformações por que passa a sociedade moderna,  a fornecer pistas para uma ação eficaz, quer do ponto de vista pastoral, social e político para ultrapassarmos os problemas que o desenvolvimento acelerado da sociedade causa, e ainda representa a postura da Igreja diante dos principais desafios da modernidade.
A Gaudium et Spes divide-se em duas grande partes: a primeira intitulamo-la O HOMEM NO MUNDO:
Na qual se desenvolve o pensamento da Igreja sobre o homem, o mundo em que habita e sua mutua relação e põe a nu, as contradições, assimetrias e desigualdades sociais que se aprofundam, por outro lado, as esperanças e aspirações do ser humano enquanto imagem e semelhança de Deus. A segunda parte é intitulada HOJE SOCIEDADE – QUESTÕES URGENTES: Onde vários aspetos da vida de hoje e da sociedade humana, com particular enfeze nas questões e problemas que pareçam ter maior urgência nos nossos dias. Analisa a sociedade atual, seguida de orientações para a busca da justiça e da paz. (econômico; Social; Político e Cultural)
Ao lermos, estudarmos e refletirmos esta constituição do C. Vaticano II encontramos temas como:

> MUDANÇAS; o homem vive uma nova fase da história. A transformação social e cultural reflete-se na vida religiosa.
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. (GS 1)
Dirige-se a todos os homens, expondo-lhes o modo de estar e a atividade da Igreja no mundo de hoje, para iluminar a problemática humana e salvar o homem. O homem na sua unidade e integridade (corpo e alma, coração e consciência, inteligência e vontade),  é o centro de toda a exposição
É dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho.
Para responder de modo adaptado, em cada geração às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura relação entre elas

> PESSOA HUMANA; O homem é um ser uno – corpo e alma. Sl8,5-7 – “Que é, pois o homem, para dele te lembrares? Para que te preocupes dele?” O homem foi “Criado á imagem de Deus” - “varão e mulher”, o que constitui a primeira forma de comunhão entre pessoas e tem uma natureza social, desenvolve as suas qualidades em relação com os outros.
Seduzido pelo maligno o homem pecou, diminuindo-o e impedindo-o de atingir a plena realização.

 > CONSCIÊNCIA MURAL; No fundo da consciência o homem encontra uma LEI, uma voz que está sempre a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração.
Uma lei inscrita no coração do homem por Deus à qual deve obedecer e é por ela que ele é julgado.

> LIBERDADE; Só na Liberdade é que o homem se pode converter ao bem. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem. Deus quis “deixar o homem entregue à sua própria decisão”, para que busque por si mesmo o seu Criador e livremente adira a Ele.

> BEM COMUM; É o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro a alcançarem a própria perfeição. Cada grupo deve ter em conta as necessidades e legítimas aspirações dos outros grupos e o bem comum de toda a família humana.
> DIÁLOGO; Fraterno entre os homens realiza-se a nível mais profundo da comunidade de pessoas. Chamados a formar uma só família e ao mesmo fim - Deus

> CULTURA; Indica todas as coisas por meio das quais o homem: apura e desenvolve as múltiplas capacidades do seu espírito e do seu corpo, se esforça por dominar o mundo, torna mais humana a vida social, quer a familiar quer a comunidade civil e comunica aos outros e conserva nas suas obras, para que sejam de proveito à humanidade.

> A VIDA ECONÓMICA E SOCIAL; O HOMEM é o protagonista, o centro e o fim de toda a VIDA ECONÓMICA  E SOCIAL, deve respeitar e promover a dignidade e a vocação integral da pessoa humana  e o bem toda a sociedade.

> VIDA DA COMUNIDADE POLÍTICA; A comunidade política existe em vista ao bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. Comunidade política e autoridade pública fundam-se na natureza humana e pertencem à ordem estabelecida por Deus

> O MATRIMÓNIO E A FAMÍLIA; Os cristãos alegram-se com os vários fatores que fazem aumentar entre os homens a estima desta comunidade de amor e o respeito pela vida e que auxiliam os cônjuges e os pais na sua missão.

> PROMOÇÃO DA PAZ; Felizes os construtores da paz “porque serão chamados filhos de Deus” (Mt5,9). Concílio, apela para os cristãos, com a ajuda de Cristo, autor da paz, colaborem com todos os homens no estabelecimento da paz na justiça e no amor e na preparação dos instrumentos da mesma paz. 

> A COMUNIDADE INTERNACIONAL; As relações entre as nações também estão envenenadas com as contendas e violência. É necessário que os organismos internacionais cooperem e coordenem melhor, que se fomentem as organizações que promovem a paz.

> IGREJA SINAL FRATERNIDADE VERDADEIRA; Apresentando ainda temas que constituem objeto de condenação conciliar desafiando a uma reflexão profunda em ordem às convicções e vida de cada um: Ateísmo; o que atenta contra a vida e a Pessoa Humana; Divorcio entre a Fé e a Vida; Aborto e Infanticídio; Genocídio; Toda a ação bélica e Corrida ao Armamento.

DEI VERBUM



“Da Palavra à Ação” é o titulo do plano Pastoral que será realizado neste ano pastoral que estamos a iniciar. Este ano é-nos proposto pelo nosso bispo D. Ilídio o estudo das constituições do Concilio Vaticano II: a Dei Verbum que trata da Revelação Divina e a Gaudium et Spes que dá orientações para a relação entre a Igreja e a Sociedade.

Assim estamos todos convocados para formar pequenos grupos nas nossas comunidades, onde estudaremos e refletiremos a realidade das nossas comunidades: a forma como estamos a acolher a Palavra de Deus nas comunidades, nas nossas vidas, e a sua importância nas mesmas a partir dos documentos que a comissão diocesana para o sínodo editar, com base nas constituições Dei Verbum e da Gaudium et Spes.

Iniciamos esta caminhada, com a Dei Verbum, a Palavra de Deus, lida, refletida, interpretada e concretizada por muitos documentos. Durante o tempo de Advento, iremos ter o guião de estudo: “A Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja”. A Igreja alimenta-se e fortalece-se na escuta desta Palavra, exercendo sabiamente a tríplice missão que herdou de Jesus Cristo, educação; celebração e praticar a fé. «Alimentar-nos da Palavra para sermos «servos da Palavra» no trabalho da evangelização: é seguramente uma prioridade para a Igreja no início do novo milénio» - Carta Apostólica Novo Millennio ineunte (2001), n.º 40

«A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho» DV51 – precisamos de conhecer a Palavra de Deus, de a escutarmos, meditamos, rezarmos, de impregnarmos a nossa vida da Palavra de Deus, para a cada dia estarmos mais próximos de Deus e sermos os evangelizadores dos novos tempos.  

O documento A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja, está dividido em três partes. A primeira apresenta-nos a Constituição Dei Verbum, a segunda enumera alguns documentos que os Pastores da igreja escreveram para instruir a Igreja na sua caminhada após-conciliar e por fim, a terceira parte sintetiza a Exortação Apostólica Verbum Domini de Bento XVI.

Ninguém deve ficar parado, indiferente, ou Auto dispensar-se deste projeto, pois todos temos a responsabilidade e o dever de dar o nosso contributo. Que cada um se sinta animado, entusiasmado, comprometido e com alegria e generosidade participe num grupo da sua paroquia.



Indicações práticas:

- No quadro dos documentos que se encontra do lado direito do blogue encontra-se uma pasta com o nome Dei Verbum, na qual está o documento Diocesano base de estudo e reflexão, as Lectio Divinas semanais, o powerpoint de apresentação deste trabalho, e todos os mais documentos que a diocese publique.

- cada grupo deverá ter entre 5 e 15 pessoas

- cada grupo deverá reunir periodicamente, devem ter algum tempo de reflexão e de formação cristã, que ajude nas suas responsabilidades na Igreja e na paróquia.

- cada grupo terá um animador que orientará os trabalho e anotará as reflexões (respostas às questões colocadas) 

- Em Janeiro deverão ser enviadas para a comissão diocesana do sínodo as conclusões, respostas dos grupos sinodais. Para que possam ser lidas e refletidas por esta mesma comissão.

DEI VERBUM - e a Sagrada Escritura


A Sagrada Escritura sempre foi um tema que despertou muito interesse ao longo de todos os tempos, incluindo durante o tempo em que decorria o Concílio VATICANO II. A constituição Dei Verbum expõe uma doutrina que tem valor normativo para a fé da Igreja. Pela Dei Verbum  o Concílio Vaticano II pretende propor a genuína doutrina acerca da Revelação Divina  e da sua transmissão. Esta constituição não surgiu do nada no Concilio mas é fruto de um caminho de amadurecimento que levou anos, podemos mesmo contextualizar as origens do documento a partir do tempo da Reforma, meados do sé. XVI, que encerrou o acesso fácil de todos os crentes, não permitindo a tradução dos textos originais da Escritura para as línguas comuns.

No séc. XIX, tentando dar resposta e orientação aos estudos bíblicos em relação à Revelação Divina a Igreja escreve Dei Filius, do Concílio Vaticano I, sobre a Revelação(1879). O Papa Leão XIII, escreveu a encíclica Providentissimus Deus (1893), criação da Pontifícia Comissão Bíblica (1902), no mesmo ano o Papa Bento XV publicou a encíclica Spiritus Paraclitus, o Papa Pio XII escreve a encíclica Divino Afflate Spiritus (1943). Um aprofundamento lento, mas que refletia uma necessidade da Igreja: dar o devido valor à Sagrada Escritura, à Palavra ou Verbo de Deus. Por ocasião do Concílio, chegaram a Roma 102 proposições que foram selecionadas, agrupadas e aprofundadas pela comissão preparatória. Devido à sua complexidade e após 104 intervenções, os padres conciliares pediram que se parassem as discussões e que o esquema fosse reelaborado. O texto atual foi promulgado a 18 de Novembro de 1965, após receber 2.344 votos a favor e seis contra.

O maior objetivo do Concílio era difundir a Palavra de Deus, em cumprimento ao desejo de Jesus Cristo que anunciou «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Notícia a toda a Humanidade.» (Mc 16,15) Logo no Proémio destaca-se o objetivo de «propor a genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão, para que o mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação, acreditando espere, e esperando ame.» (DV 1)

A estrutura do documento é bastante simples. É designada "constituição dogmática" porque expõe e discute verdades doutrinárias, mais especificamente, aborda a complexa relação entre Escritura e Tradição. O primeiro capítulo é sobre a Revelação. Descreve o processo contínuo de comunicação entre Deus e o ser humano. Deus revela-se, mostra-se, dar-se a conhecer ao homem. Deus manifestou a Sua vontade e a Sua verdade diversas vezes ao longo da história com o objetivo de conduzir todos à comunhão Consigo. Na plenitude dos tempos, revelou-Se de modo pleno e definitivo através do Seu Filho, Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. No prólogo de João temos estes dados teológicos narrados: «No começo a Palavra [Verbo] já existia: a Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus. [...] E a Palavra fez-Se Homem e habitou entre nós.» (cf. Jo 1,1-18) Em poucas linhas a Dei Verbum concentra os fundamentos de toda a Teologia da Revelação.

O capítulo II ocupa-se da transmissão da Revelação divina. Confirma que o nosso acesso à Revelação acontece através da pregação dos Apóstolos e dos seus sucessores. É a chamada Tradição, que se origina nos Apóstolos e progride na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo (DV 8). A Tradição ajuda a compreender a Escritura, pois as duas estão intimamente relacionadas, são dois pilares da fé cristã, provêm de Deus e tendem ao mesmo fim: conduzir o homem a Deus.

A seguir o documento confirma que a Sagrada Escritura foi escrita por mãos humanas, mas sob inspiração do Espírito Santo. Para a interpretação da Bíblia é preciso ter em conta a sua inspiração divina, os géneros literários, os estudos exegéticos e hermenêuticos e tudo o mais que possa contribuir para um aprofundamento e melhor compreensão do texto. Incentiva-se assim as pesquisas e estudos bíblicos, primeiramente por parte dos pastores e pregadores, mas também de todos os cristãos, pois não é possível amar o que não se conhece.

Os capítulos IV e V tratam respetivamente do Antigo e do Novo Testamento. O Antigo Testamento contém um retrato da história da salvação e serviu para preparar o advento de Cristo que veio instaurar o Reino, como é descrito no Novo Testamento.

Por fim, vemos como a Sagrada Escritura age na vida da Igreja. No capítulo VI está muito explícito o convite ao aprofundamento da Palavra de Deus através da tradução da Bíblia para todas as línguas, além do estudo e da investigação. A Escritura deve ser a alma da Teologia (DV 24). De facto, a partir do Concílio a bíblica generalizou-se no campo teológico e pastoral. A constituição Dei Verbum deu origem a muitos outros bons frutos, tais como a renovação bíblica a nível litúrgico, teológico e catequético; a leitura e aprofundamento da Bíblia através do apostolado bíblico, com o aparecimento de diversos grupos, movimentos e iniciativas; a grande difusão da Bíblia nas famílias e em diversos ambientes sociais. A título de curiosidade, a Bíblia está traduzida em cerca de 1.000 línguas e dialetos.

No quadro ao lado, estão os documentos disponibilizados pelo Sínodo diocesano para reflexão e Estudo da Dei Verbum.

Fontes: Sitio ABC da catequese e o documento A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja